Basicamente, é brincar de "quebrar a expectativa" com um tropo. A obra faz você pensar que vai acontecer um tropo, mas ele não acontece.
Mas como as pessoas poderiam saber que um tropo vai acontecer? Bem, tropos vivem na mente do público. Dessa forma, espectadores na audiência que estejam suficientemente Por Dentro dos Tropos podem acabar prevendo quando um tropo familiar está chegando, com base em pistas e dicas colocadas pelo roteirista. Portanto, quando o escritor decide desenvolver essa expectativa, apenas para revelar que o "tropo" esperado era uma Pista Falsa enquanto uma situação totalmente diferente acabou resultando, você tem aí um Tropo Subvertido.
Dito de outra forma, revela-se que a obra, em última análise, não utiliza o tropo de forma alguma; mas, durante o desenrolar da trama, foi dado a entender que seria.
Este é um método de alavancar um tropo para dar mais textura à história. Certamente não é o único caminho.
Uma subversão tem duas partes obrigatórias. Primeiro, é criada a expectativa de que algo que vimos muitas vezes antes vai ser usado mais uma vez, mas então essa expectativa é resolvida com algo totalmente diferente. A expectativa é um tropo; o "algo diferente" é a subversão.
Em outras palavras, um tropo na tradicional forma "X geralmente é Y" não é simplesmente subvertido por cada X que você pode apontar que não é Y. Se alguém for assassinado e houver um mordomo por perto, mas ele não fez isso, isso não é automaticamente uma subversão de Foi O Mordomo Quem Fez; essa é uma evitação. Mas se o roteirista faz parecer um exemplo típico de Foi O Mordomo Quem Fez, e depois revela que não foi ele, isso é uma subversão.
Uma comparação completa poderia ser mais ou menos assim: uma perseguição de carro está em andamento em velocidades altamente imprudentes. A câmera corta para alguns trabalhadores carregando uma Chapa De Vidro, depois corta de volta para o motorista em pânico indo em direção aos trabalhadores. Parece bastante óbvio que o motorista vai quebrar a lâmina de vidro em um milhão de pedaços... ou será que não?
- Se o carro atravessar o painel de vidro, isso é o uso direto.
- Se o carro atravessar o painel de vidro e os trabalhadores forem ouvidos reclamando sobre por que os carros que estão em uma perseguição conseguem desviar de quase tudo, menos de um painel de vidro, isso é Lançar Luz.
- Se o carro atravessar o painel de vidro e o motorista parar para explicar o motivo de ter batido nele, é justificado.
- Se o carro errar o painel de vidro, ele fica subvertido.
- Se alguma outra coisa fizer com que o vidro seja quebrado antes que o carro sequer tenha a chance de quebrar o vidro, também é subvertido.
- Se o carro errar o painel de vidro, mas um segundo carro quebrá-lo, é uma dupla subversão.
- Se o painel de vidro for quebrado antes de ser atingido pelo carro, e o carro então passa por uma vidraça diferente carregada por uma segunda dupla de trabalhadores, também é uma dupla subversão.
- Outra dupla subversão é se o carro bater no vidro e o arrancar das mãos dos trabalhadores sem danificar o vidro nem o carro... e o vidro se estilhaçar depois de ser removido.
- Se o carro descer a estrada em uma série de curvas fechadas, e não estiver claro se o carro vai bater no painel de vidro (se é que vai chegar nele), é zigue-zague.
- Se o carro desaparecer de vista e não for visto novamente, e só voltar depois de se ouvir um som de vidro quebrando, é o uso implícito.
- Se o carro parar antes de bater no vidro e seguir um caminho diferente, isso é um tropo desafiado.
- Se o carro bater no vidro, e não só o vidro se estilhaçar, mas também o carro, assim como os trabalhadores, é um uso exagerado do tropo.
- Se o carro não está condenado a bater no vidro, mas um dos trabalhadores vê o carro chegando e para na rua de forma que o carro bate no vidro, o tropo foi invocado.
- Se o carro atravessar o vidro e forem mostradas imagens de danos sofridos pelo carro, complicando a dirigibilidade do veículo e/ou tornando o carro mais identificável para os perseguidores, ou os trabalhadores apontarem a direção do carro para o perseguidores enquanto eles dirigem, é desconstruído.
- No entanto, se os carros que estão perseguindo furarem os pneus passando por cima dos cacos de vidro espalhados pela rua, ou se os motoristas pararem para cuidar dos ferimentos dos trabalhadores devido aos vidros quebrados, é um exemplo de tropo é reconstruído.
- Se o carro bater no painel de vidro e o(s) carro(s) perseguidor(es) recuperar(em) o rastro perdido através dos pedaços de vidro espalhados, ele é explorado (e também Usado Para Drama.)
- Se o carro bater no painel de vidro e o resultado for que o vidro tem apenas um buraco em forma de carro, isso é minimizado (e também Usado Para Humor, mas isso é outro assunto. Também é Silhueta De Impacto em uso direto.)
- No entanto, se o carro bater no painel de vidro e o resultado for que o vidro tem apenas um buraco em forma de carro, mas o painel de vidro desabou sobre si mesmo, então ele é usado direto ou em uma dupla subversão (E também uma minimização).
- Se o carro passar pelo painel de vidro de ré, ou de qualquer outra maneira estranha em que um carro não deva entrar, é um uso parodiado.
- Se o carro atravessar o painel de vidro, mas é o carro que se estilhaça (em vez do vidro), o tropo é invertido (e um carro muito mal construído, diga-se de passagem).
- Se o carro bater no painel de vidro e passar ileso porque a montadora pagou para ter seu carro no filme e não permitiria que ele fosse usado a menos que fosse mostrado intacto, é um tropo imposto.
- Se os trabalhadores estão falando sobre a possibilidade de um carro passar pelo vidro antes mesmo de a perseguição de carro chegar perto deles, isso é um tropo discutido.
- Se os ocupantes do carro mencionam a quantidade estranhamente frequente de perseguições de carro que acabam com um painel de vidro sendo quebrado, é converso.
- Se o carro bater no painel de vidro, mas o vidro resistir e o carro pular para trás, é um tropo pela culatra.
- Se não houver painel de vidro, apesar de haverem placas de trânsito dizendo "fábrica de vidro", ou nenhuma perseguição de carro, apesar de ouvirem-se motores roncando à distância enquanto os trabalhadores transportam o vidro pela estrada, é evitado.
Além disso, observe que um tropo pode ser tratado de maneiras diferentes em diferentes partes de uma obra; não é incomum que obras com série de longa duração às vezes brinquem ou subvertam tropos que inicialmente usaram de forma direta.
Tenha em mente que, assim como Tropos São Ferramentas, as subversões não são automaticamente boas, perspicazes, inteligentes ou originais.
Brincando Com Um Tropo compara isso com muitas outras maneiras que um tropo pode ser usado.
Veja também Tropo Desacreditado, Tropo Morto, Dupla Subversao, Tropo Minimizado, Brincando Com Um Tropo, Tropo Zig Zag.
